É possível ensinar skate?

"No skate o professor é o concreto", Jake Phelps editor chefe da Thrasher Magazine e figura icônica da cultura do skate.

A proposição de Phelps pode ser interpretada de diferentes pontos de vista. O primeiro deles é que a aprendizagem das técnicas cabe única e exclusivamente a um processo empírico de tentativa e erro, pelo qual o praticante descobre à sua maneira como executar o movimento desejado. Outra forma de interpretar o dito é que o skate não pode ser ensinado, ele precisa ser vivido. Seja o professor de concreto ou carne e osso o protagonista no processo de aprendizagem é sempre o aluno/praticante.

Proporcionar ao aluno viver skate não é tarefa fácil nem breve, depende de um conhecimento além do superficial acerca da modalidade e fatores culturais que a compõem, segmentar e apresentar aos interessados as informações pertinentes em uma sequência metodológica que atenda às necessidades latentes de cada indivíduo e o domínio das técnicas a serem transmitidas. Mesmo que soe clichê, skate é muito mais que um esporte ou uma alternativa de lazer. Há uma profunda influência da cultura no skate e vice-versa, existem valores culturais de comportamento e arte que são genuinamente próprios do skate. Valores esses que abrangem desde a forma de se vestir até a o meio no qual a prática é empregada. Cada sujeito manifesta suas manobras e estilo de andar de uma maneira intensamente íntima, fazendo com que a prática propriamente dita, ou seja, o andar de skate se torne uma forma de expressão pessoal de corporeidade.

Cabe então ao professor empregar na sua metodologia de ensino oportunidades para que os seus alunos experimentem algo além das técnicas empregadas para a realização de uma manobra. Fazendo com que cada indivíduo desenvolva sua própria interpretação dos gestos motores e da cultura do skate e consequentemente trazendo uma reflexão sobre as funções sociais e pessoais do skate.