Skate como água.
- Gabriel Matta
- 7 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
"Esvazie sua mente, não tenha forma - como água. Se colocarmos água em um copo, ela se torna o copo. Se colocarmos água em um jarro, ela se torna o jarro. Água pode fluir e pode destruir. Seja água." Bruce Lee.
Uma das coisas que mais me fascinam sobre skate é a sua capacidade de representar algo diferente para cada um de nós e ainda assim ser igualmente importante para todos. E mesmo que o propósito de dois skatistas seja similar, a forma pela qual eles buscam alcançar esse propósito continuará sendo única e estreitamente pessoal à cada um deles.
A década de 1980 foi extremamente importante para a formação do skate que conhecemos hoje, diversas marcas surgiram, houve uma maior visibilidade do skate na grande mídia e também um aumento no número de adeptos da modalidade. Entre estes eventos podemos destacar a rivalidade entre dois grandes skatistas que formaram um alicerce para os futuros praticantes da modalidade, Christian Hosoi e Tony Hawk.
Hosoi era conhecido por sua personalidade de rockstar, seus longos cabelos, e estilo agressivo e estético de andar. A plasticidade de suas manobras são até hoje referência para vários skatistas. Em termos gerais mesmo que uma manobra fosse simples, ela se tornava admirável porque ele a estava executando.

Por outro lado Hawk sempre foi considerado com um skatista de estilo duvidoso, mas de técnica inquestionável. Grande parte das manobras de vertical que conhecemos hoje em dia são de sua autoria. Segundo o próprio Hosoi a cada competição Tony surgia com 3 ou 4 novas manobras que ninguém nunca havia imaginado serem possíveis.

O que podemos inferir então dessa rivalidade?
Perceba, ambos eram skatistas de vertical competitivo e ainda hoje são grandes figuras do skate. Entretanto a forma de andar de cada um é diametralmente oposta. Um prezava pelo estilo e a paixão enquanto outro buscava sempre expandir os limites da modalidade. Ou seja, mesmo com tantos fatores em comum o skate permitiu aos dois desenvolver de uma forma única seu legado para as gerações ainda por vir.
Meu ponto com este texto é que o skate não pode ser rotulado, simplificado e muito menos classificado de uma única perspectiva. O skate flui dentro de cada um e entre as correntezas do nosso ser descobre uma forma de se manifestar dentro de nós. Com isso o skate se torna uma forma de canalizar e expressar nosso eu interior, sendo adaptado à nossa percepção do mundo. Skate é um ato político, também é arte, é esporte e diversão. Skate é água.
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